A uveíte é a inflamação da úvea, uma camada intermédia do globo ocular constituída pela íris, corpo ciliar e coroide. A uveíte pode ser classificada anatomicamente em três categorias: anterior (irite/iridociclite), intermédia (pars planite) e posterior (corioretinite). Quando a inflamação atinge todas as estruturas da úvea denomina-se pan-uveíte. Quando a inflamação afeta ambos os olhos, denomina-se bilateral.
As uveítes também podem ser classificadas quanto à sua evolução temporal: aguda se apresentar início súbito, ou crónica se persistir por pelo menos 3 meses, ou for recorrente.
Os sintomas da uveíte podem variar consoante a localização anatómica e a etiologia mas resultam habitualmente duma combinação dos seguintes: hiperemia conjuntival, visão turva, dor ocular, cefaleia, fotofobia (sensibilidade à luz), miodesopsias (moscas volantes). Na uveíte anterior, os sintomas mais frequentes são a diminuição da acuidade visual, dor ocular, fotofobia e alteração da visão das cores. Na uveíte intermédia, os sintomas mais comuns são a perceção de “moscas volantes” e visão turva. Por outro lado, na uveíte posterior os sintomas têm um início mais insidioso, apresentando pouca ou nenhuma dor, e os mais importantes são a visão turva, e perceção de “moscas volantes”.
As uveítes podem ser de origem auto-imune, infeciosa ou idiopática (causa desconhecida). Podem apresentar-se como uma alteração ocular isolada, mas podem estar relacionadas com outras doenças sistémicas. As causas de uveítes auto-imunes mais frequentes são: relacionadas com HLA-B27 (molécula encontrada na superfície de várias células do sistema imunológico), Doença de Behçet, Artrite idiopática juvenil, Iridociclite heterocrómica de Fuchs, Sarcoidose, Oftalmia simpática e Nefrite túbulo-intersticial. As uveítes infeciosas são mais frequentemente causadas por Sífilis, Tuberculose, Brucelose, Leptospirose, Doença de Lyme, Toxoplasmose, Toxocaríase.
Na avaliação de uveítes o Oftalmologista procura encontrar algumas alterações oculares que podem sugerir a etiologia e consequentemente o respetivo tratamento. As alterações oculares mais frequentemente associadas às uveítes são: Presença de células ou turvação do humor aquoso na camara anterior (espaço localizado entre a córnea e a iris), nódulos na superfície anterior da íris, adesões da iris ao cristalino “sinequias posteriores”, precipitados corneanos, depósitos de material inflamatório, e áreas de inflamação e necrose retiniana.
O tratamento da uveíte faz-se, na maioria dos casos, através de corticoides tópicos ou sistémicos, ou outros anti-inflamatórios, fármacos promotores da dilatação pupilar, inibidores do musculo ciliar, e do tratamento da causa subjacente. Mais raramente, também pode ser necessário o recurso a imunossupressores.
Existem vários fatores de risco para o aparecimento de uveítes: Predisposição genética (HLA B27); antecedentes de infeções como toxoplasmose, tuberculose, herpes, sífilis; Doenças auto-imune ou inflamatória, como a doença de Behcet, espondilite anquilosante, sarcoidose, artrite psoriática ou doença de Crohn. Também o trauma ocular pode originar uveíte no olho atingido ou no contralateral.
O prognóstico é variável. Alguns casos resolvem rapidamente apos o início de tratamento adequado, outros são mais graves podendo originar sequelas anatómicas e funcionais. Por isso, o diagnóstico e tratamento precoces são, fundamentais na prevenção de complicações mais graves.